No primeiro artigo desta série dissemos que, ao mudar hábitos alimentares e agregar componentes de animais e aves à refeição – carnes, ovos, leite… – o ser humano passou a se expor ao risco de contrair novas doenças, exatamente aquelas características das espécies ingeridas.
E não nos referimos somente às enfermidades que atingem o físico, mas também aos problemas psicossomáticos que estão presentes nos animais, conforme comprovação científica.
Esse processo é fácil de entender se analisarmos as transformações ocorridas no relacionamento e nas formas de tratamento do ser humano com a sua “caça”.
Se nos primórdios o homem emboscava e matava o animal geralmente de surpresa, ou depois de uma perseguição rápida no seu habitat natural, posteriormente ele aprimorou técnicas de domesticação e aprisionamento, alterando, consequentemente, o comportamento da “presa”, tanto no quesito espacial quanto na sua forma de beber água e de se alimentar. Afinal, o seu território deixou de ser ilimitado e ficou circunscrito às áreas cercadas pelo proprietário.
O abate tornou-se mais fácil, porém, como maior probabilidade de afetar emocionalmente o animal devido à proximidade do seu local de convívio com o da “ocorrência”, afetando os demais membros do grupo que estavam aprisionados juntos com o “morto”.
Problemas como estresse, depressão e outros males correlatos foram incorporados à vida desses bichos que perderam a liberdade.
Com o passar dos tempos o problema se agravou, pois a urbanização e a expansão da densidade demográfica geraram maior consumo de carne, leite e ovos.
O aumento exponencial da demanda gerou problema de oferta devido à falta de terras para criação, principalmente em países europeus no período de inverno, quando áreas de pastagens ficam sob o gelo por vários meses. A solução encontrada foi o confinamento.
Assim, mais uma vez o boi teve de mudar a sua rotina e alimentação. Deixou de circular pelos campos e de comer capim e outras gramíneas à vontade. Sua ração passou a ser em porções. E deixou de ser, também, vegetariana, com a inclusão de farinhas de origem animal – fabricada com ossos bovinos e de aves, principalmente pintinhos que nascem com imperfeições nas granjas.
(Avançaremos no assunto na parte 3 deste série, na próxima semana)